CNBC Banco da Inglaterra mantém juros e alerta para incerteza global

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Banco da Inglaterra retoma afrouxamento monetário e reduz taxa básica para 4,5%

Publicado 06/02/2025 • 09:56 | Atualizado há 1 mês

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • O Banco da Inglaterra realizou, nesta quinta-feira (6), seu primeiro corte na taxa de juros de 2025, retomando o afrouxamento monetário em meio a preocupações contínuas com o fraco crescimento da economia britânica.
  • O banco central reduziu sua taxa básica em 25 pontos-base, para 4,5%, com sete dos nove membros do comitê de política monetária votando a favor da medida.
  • Economistas já esperavam amplamente que o banco central cortasse os juros, após uma sequência de dados decepcionantes sobre o crescimento do Reino Unido.

Por Adrian Pingstone - Taken by Adrian Pingstone via Wikipedia

O Banco da Inglaterra realizou, nesta quinta-feira (6), seu primeiro corte na taxa de juros de 2025, retomando o afrouxamento monetário em meio a preocupações contínuas com o fraco crescimento da economia britânica.

O banco central reduziu sua taxa básica em 25 pontos-base, para 4,5%, com sete dos nove membros do comitê de política monetária votando a favor da medida.

Economistas já esperavam amplamente que o banco central cortasse os juros, após uma sequência de dados decepcionantes sobre o crescimento do Reino Unido.

A economia britânica ficou estagnada no terceiro trimestre, segundo dados divulgados em dezembro, enquanto a leitura mais recente do PIB mensal mostrou um crescimento de apenas 0,1% em novembro, após uma contração de 0,1% em outubro. Além disso, dados fracos do varejo no mês passado reforçaram as expectativas de que o Banco da Inglaterra reduziria os juros.

Enquanto isso, a taxa de inflação no Reino Unido caiu para 2,5% em dezembro, abaixo do esperado, com a inflação subjacente desacelerando ainda mais — o que também aumentou as apostas de que os formuladores de política monetária fariam seu primeiro corte em 2025. A meta de inflação do banco central é de 2%.

Os membros do comitê de política monetária do Banco da Inglaterra precisam equilibrar a necessidade de impulsionar o crescimento com o risco inflacionário decorrente de uma possível guerra comercial. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja impor tarifas sobre os principais parceiros comerciais do país e ameaçou estender as medidas à União Europeia e ao Reino Unido.

O que vem a seguir?

Economistas agora analisam o caminho das taxas de juros em 2025, considerando que os formuladores de política monetária do banco estarão atentos para evitar que o Reino Unido fique “preso entre guerras comerciais e um fraco dinamismo doméstico”, observou Kallum Pickering, economista-chefe da Peel Hunt, no início desta semana.

“A questão crucial para os formuladores de política é se eles sinalizarão que um novo corte pode vir já em março ou se manterão o ritmo estabelecido no ano passado — com reduções trimestrais?”, disse ele em comentários enviados por e-mail na segunda-feira.

O cenário base da Peel Hunt, segundo Pickering, é que o Banco da Inglaterra manterá o ritmo de um corte por trimestre e aguardará até a reunião de maio para realizar a próxima redução neste ano.

“No entanto, os riscos estão inclinados para que os formuladores de política indiquem uma disposição de reagir de forma mais agressiva à fraqueza econômica — sugerindo um novo corte já na reunião de 20 de março”, acrescentou.

Andrew Wishart, economista sênior do Reino Unido no Berenberg, destacou que o banco central pode perceber a necessidade de relaxar a política monetária de forma mais rápida.

“Até agora, o Banco da Inglaterra reduziu os juros em reuniões alternadas, mas uma economia estagnada e o aumento do desemprego justificam uma ação mais urgente”, disse ele em um relatório na segunda-feira.

“O banco central considerou o mercado de trabalho amplamente equilibrado na reunião de 18 de dezembro, antes da divulgação dos dados de folha de pagamento de dezembro, que mostraram novas perdas de empregos. Diante disso, faz sentido que o Banco da Inglaterra reduza os juros para evitar uma queda maior no emprego.”

O primeiro corte de juros do ano ocorre após meses difíceis para a chanceler britânica Rachel Reeves, que tem enfrentado forte pressão desde que apresentou, no outono passado, um plano fiscal do Tesouro que aumentaria a carga tributária sobre as empresas do Reino Unido. O pacote foi amplamente criticado por líderes empresariais devido ao impacto potencial sobre investimentos, empregos e crescimento econômico.

Reeves defendeu as medidas, afirmando que eram necessárias para garantir a estabilidade econômica e que não havia “outra alternativa”. Ela também declarou que os aumentos de impostos sobre empresas seriam pontuais, afirmando à Confederação da Indústria Britânica, em novembro, que não voltaria a aumentar impostos ou recorrer a mais endividamento.

Alguns economistas acreditam que o banco central pode adotar uma abordagem mais gradual, considerando os riscos inflacionários trazidos pelas possíveis tarifas de Trump e a posição fiscal do governo britânico.

“Apesar das recentes notícias negativas sobre a atividade econômica e da incerteza global devido às tarifas de importação dos EUA, a pressão sobre os preços domésticos ainda forte sugere que o Banco da Inglaterra provavelmente continuará reduzindo as taxas de juros de forma gradual”, disse Ashley Webb, economista do Reino Unido na Capital Economics, em relatório na quarta-feira.

“No entanto, embora a inflação ao consumidor possa subir de 2,5% em dezembro para cerca de 3% ainda este ano, acreditamos que uma queda para menos de 2% em 2026 levará o banco central a cortar os juros para 3,5% até o início de 2026, em vez da faixa de 3,75%-4,00% esperada pelos investidores”, concluiu.

Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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