Em uma escalada nas tensões comerciais, o Canadá implementou, nesta quarta-feira (9), tarifas de 25% sobre veículos e peças automotivas fabricados nos Estados Unidos. A medida é uma resposta direta às tarifas impostas por Donald Trump nos EUA na semana passada.
“Estamos respondendo hoje, e temos respondido consistentemente, com tarifas compensatórias cuidadosamente calibradas e direcionadas”, declarou o primeiro-ministro canadense Mark Carney na quinta-feira passada, ao anunciar as medidas.
A retaliação canadense, reafirmada na terça-feira, inclui a taxação de 25% sobre veículos de origem americana que não cumprirem os requisitos do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em ingês).
A medida também se estende a peças que não sejam nem canadenses, nem mexicanas e que estejam presentes em veículos totalmente montados nos EUA e importados para o Canadá.
Essa tarifação implica que, mesmo que um veículo produzido nos Estados Unidos por grandes montadoras como General Motors, Ford ou Stellantis (controladora da Chrysler) atenda aos critérios do USMCA, as peças que não forem originárias do Canadá ou do México poderão estar sujeitas às tarifas.
A complexidade da nova estrutura tarifária canadense levanta questionamentos sobre seu impacto prático nas cadeias de suprimentos automotivos e nos custos para as empresas do setor.
Tarifas canadenses diferem das americanas
As novas taxas canadenses apresentam nuances importantes em comparação com as americanas. Autoridades do Canadá optaram por excluir peças automotivas individuais da lista tarifária e sinalizaram que a aplicação dos novos impostos considerará o acordo comercial entre os países.
Em contraste, as tarifas de 25% impostas por Trump nos Estados Unidos incidem sobre qualquer veículo não montado em solo americano, o que, segundo dados da S&P Global Mobility, é de 46% dos aproximadamente 16 milhões de veículos comercializados no país no ano passado.
A Casa Branca também comunicou a intenção de tarifar algumas peças automotivas específicas, como motores e transmissões, com prazo inicial de implementação até o dia 3 de maio.
Flavio Volpe, presidente da Associação de Fabricantes de Peças Automotivas do Canadá, enfatizou a importância de manter as tarifas separadas para as peças individuais, alertando que a taxação desses componentes poderia rapidamente paralisar a indústria automobilística integrada da América do Norte.
“Nosso conselho ao primeiro-ministro foi: ‘mantenha as peças fora disso, por enquanto’”, afirmou Volpe em entrevista à CNBC na terça-feira. “Também insistimos que, se forem aplicadas tarifas retaliatórias, o alvo deve ser os americanos. Não prejudiquem, por acidente ou omissão, nossos fornecedores e parceiros mexicanos. Ninguém quer isso, mas o Canadá precisa responder.”
A isenção do conteúdo mexicano, ao contrário da abordagem dos EUA, reflete o respeito do Canadá ao acordo comercial, segundo declaração de Carney na semana passada.
As montadoras General Motors, Ford e Stellantis publicaram comunicados afirmando que seus veículos produzidos na América do Norte estão em conformidade com o USMCA, embora o nível de conteúdo regional de cada uma varie significativamente.
As tradicionais montadoras de Detroit, juntamente com a Toyota Motor, figuram entre as mais vendidas no mercado canadense. Contudo, o mercado automotivo do Canadá é consideravelmente menor que o dos EUA, registrando cerca de 2 milhões de veículos leves em comparação com os aproximadamente 16 milhões comercializados nos Estados Unidos.
A balança comercial canadense no setor de veículos leves de passageiros registrou um superávit de US$ 8,33 bilhões, com US$ 43,82 bilhões em exportações contra US$ 35,49 bilhões em importações, segundo a DesRosiers Automotive Consultants, uma consultoria automotiva canadense líder. Os desequilíbrios comerciais têm sido um dos principais motivadores por trás da imposição de tarifas por parte da administração Trump.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
