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Déficit aumenta, dívida cresce, e o discurso afunda
Publicado 01/08/2025 • 16:19 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 01/08/2025 • 16:19 | Atualizado há 2 meses
Junho de 2025 fechou com números preocupantes — e reveladores. O setor público brasileiro registrou déficit primário de R$ 47,1 bilhões. É o pior resultado para um mês de junho desde 2021, e confirma o que os últimos boletins já vinham sinalizando: o ajuste fiscal não aconteceu. No acumulado em 12 meses, o superávit primário ficou em R$ 17,9 bilhões, 0,15% do PIB. O esforço desapareceu — mas o custo da inércia não.
Mais do que uma melhora momentânea, os dados mostram a consolidação de uma trajetória: a dívida volta a subir, os juros seguem sufocando o orçamento e o resultado nominal permanece profundamente negativo, mesmo com algum alívio contábil vindo de operações de swap cambial.
Gráfico 1 – Dívida Bruta do Setor Público / PIB

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que havia recuado nos primeiros meses do ano com a ajuda do PIB nominal, voltou a crescer. Em junho, atingiu 76,6% do PIB — alta de 0,5 ponto percentual sobre maio. O gráfico mostra o movimento de reversão a partir de março.
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Entre os fatores que explicam essa elevação:
No acumulado do ano, a DBGG cresceu apenas 0,1 p.p. — mas isso graças a fatores conjunturais: crescimento do PIB e resgates de dívida ajudaram a conter o impacto de juros altos e câmbio. A tendência estrutural é de alta.
Gráfico 2 – Juros Nominais / R$ bilhões acumulados em 12 meses

O custo da dívida pública brasileira estabilizou num patamar insustentável: R$ 912,3 bilhões em 12 meses, ou 7,45% do PIB. Em junho, os juros nominais somaram R$ 61 bilhões — abaixo dos R$ 94,9 bilhões de junho de 2024, mas com uma explicação contábil: o Banco Central teve ganhos com swaps cambiais (R$ 20,9 bilhões em 2025), ao passo que em 2024 havia tido perdas (R$ 28,6 bilhões).
É uma melhora pontual e ilusória. O gráfico mostra que, desde o final de 2024, os juros permanecem num platô elevado, drenando recursos do Tesouro e comprometendo qualquer tentativa de reequilíbrio fiscal.
Gráfico 3 – Primário, Juros Nominais e Resultado Nominal

O gráfico evidencia o descompasso fiscal: mesmo quando há superávit primário (linha verde), os juros (linha vermelha) são tão altos que mantêm o resultado nominal (linha cinza) profundamente negativo.
Em junho, o resultado nominal foi deficitário em R$ 108,1 bilhões. No acumulado em 12 meses, o déficit chega a R$ 894,4 bilhões — ou 7,3% do PIB. O esforço de curto prazo se perde diante de uma estrutura de juros impagável, juros estes que rondam a casa dos 11,5% anual. O Brasil é hoje um país que vive para pagar juro — e ainda se endivida mais ao fazer isso.
Tabela – Resultado Primário detalhado por ente (jun/24 x jun/25)

A leitura correta dos sinais contábeis revela uma fotografia diferente do senso comum. Em junho de 2025, o Governo Central ampliou seu déficit primário em R$ 3,3 bilhões, principalmente por conta do INSS, cujo déficit aumentou em R$ 4,5 bilhões — o maior impacto isolado do mês.
Os governos estaduais também pioraram suas contas: passaram de superávit de R$ 2,0 bilhões para déficit de R$ 1,4 bilhão — uma virada de R$ 3,4 bilhões. As empresas estatais federais (excluindo Petrobras e Eletrobras) também contribuíram negativamente, saindo de superávit de R$ 530 milhões para déficit de R$ 431 milhões.
Por outro lado, o Governo Federal (excluindo INSS e BC) reduziu seu déficit em R$ 966 milhões. E os governos municipais melhoraram R$ 1,3 bilhão, revertendo déficit para um pequeno superávit — o que representa ajuste fiscal de sua parte.
Os dados fiscais de junho desmontam a narrativa de controle e responsabilidade fiscal. A dívida cresce, o superávit some e os juros seguem engolindo o orçamento. Mais do que uma fotografia de um mês ruim, temos a continuidade de uma trajetória que se agrava estruturalmente.
O país gasta cada vez mais com juros. Os déficits primários voltam a se aprofundar. E não há reforma significativa em andamento. O que sobra são programas de estímulo, pacotes episódicos e discursos marqueteiros. Brasília age como se a opinião pública resolvesse a matemática — e não o contrário.
Enquanto isso, o investidor calcula, os juros sobem e a confiança some. A dívida cresce no silêncio — e o juro, como sempre, faz barulho no caixa.
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