Deputado francês critica carne brasileira: ‘Nossos pratos não são latas de lixo’; Lula rebate
Publicado qua, 27 nov 2024 • 12:10 PM GMT-0300 | Atualizado há 80 dias
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Publicado qua, 27 nov 2024 • 12:10 PM GMT-0300 | Atualizado há 80 dias
KEY POINTS
Em uma votação simbólica sobre o acordo entre União Europeia e Mercosul, realizada na Assembleia Nacional da França nesta terça-feira (26), o deputado francês Vincent Trébuchet (UDR) levantou dúvidas sobre a qualidade da carne brasileira. O presidente Lula se manifestou sobre a fala da autoridade.
Em um trecho do pronunciamento, Trébuchet afirmou que “a realidade é que todos os franceses agora pagam o preço que verão despejar em seus pratos, carne cheia de hormônios de crescimento, produzida em países onde a rastreabilidade continua sendo um conceito vago. A realidade é que nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo”.
“Por não termos conseguido manter nossa soberania nos últimos 25 anos, os sucessivos governos franceses se mostraram distantes, tímidos, receosos em relação a este acordo UE-Mercosul”, segue o deputado. A discussão foi transmitida no site oficial da Assembleia Nacional da França. Confira o vídeo.
Na assembleia, outras autoridades também se manifestaram sobre o tema. A deputada Helene Laporte, do partido de extrema direita Rassemblement National, argumentou que a competitividade do Brasil se deve ao “uso massivo de antibióticos, proibidos na União Europeia desde 2006”.
Já Antoine Vermorel, deputado do Droite Républicaine, acusou o Mercosul de utilizar “produtos cancerígenos” na produção de carne destinada à Europa.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quarta-feira (27) que o comércio internacional é uma guerra, e que quer que o agronegócio brasileiro cause raiva em políticos franceses.
O caso mobilizou o agronegócio e o governo brasileiro em uma rara convergência entre Lula e o setor, majoritariamente bolsonarista. “Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que hoje achincalhou os produtos brasileiros. Nenhum país do mundo falará bem dos nossos produtos”, afirmou o presidente da República.
Lula também defendeu encontros empresariais em países como Índia, Japão e Vietnã para diversificar os negócios brasileiros no exterior e atrair investimentos. “Comércio é uma guerra”, disse.
O debate ocorre em um contexto de tensão entre o agronegócio brasileiro e empresas francesas, como o Carrefour. Nesta semana, a varejista esteve no centro de uma polêmica envolvendo o CEO global da empresa, Alexandre Bompard, que anunciou que as lojas francesas da rede deixariam de comprar carne da América do Sul.
A declaração, feita durante protestos de agricultores franceses contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, provocou forte reação no Brasil, levando frigoríficos brasileiros a boicotarem o grupo.
Em nota, o Carrefour diz que nunca quis opor a agricultura francesa à agricultura brasileira e “lamenta muito” que a comunicação tenha sido recebida como questionamento da parceria com a produção agropecuária brasileira – ou como uma crítica a ela. Veja nota na íntegra.
Em fato relevante divulgado na terça-feira (26) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Carrefour Brasil anunciou que “o cronograma de entregas de produtos de carnes bovinas foi retomado, e a companhia espera a normalização do reabastecimento de tais produtos no decorrer dos próximos dias”.
Em entrevista ao Times Brasil Licenciado Exclusivo CNBC, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a polêmica com o Carrefour está encerrada após a publicação de uma carta na qual a empresa se retrata.
“No nosso entendimento, o caso está encerrado”, afirmou ele. Segundo Fávaro, os compradores estrangeiros podem escolher de quem comprar.
Ele elogiou diversas vezes a forma como os empresários se manifestaram, que ele descreveu como altiva, e afirmou que o governo apoiou os produtores.
“O fato ocorrido foi didático. Estamos abertos a discutir os procedimentos de boas práticas sociais, ambientais e sanitárias (no Brasil), mas tentaram manchar a imagem dos produtos brasileiros. A reação foi muito forte, e dificilmente alguém tentará fazer isso novamente, especialmente após o caso Carrefour”, disse o ministro. Veja a entrevista completa.
Na terça-feira (26), a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) disse que vai entrar com uma ação na União Europeia contra o Carrefour e outras empresas francesas. O anúncio foi feito pelo presidente da entidade, João Martins.
“Fomos surpreendidos com o Carrefour e outras empresas francesas que, de repente, tentaram passar a imagem de que a carne que estamos enviando para a Europa não atende aos padrões europeus. Diante dessa acusação, nos vimos obrigados a acionar nosso escritório em Bruxelas para tomar as medidas necessárias e esclarecer a verdade”, disse Martins. Confira o vídeo.