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Diante de turbulências políticas, BCE deve cortar juros novamente

Publicado 12/12/2024 • 07:25

AFP

KEY POINTS

  • Enfrentando uma economia enfraquecida e tensões políticas, o Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar mais um corte nas taxas de juros.
  • Este será o terceiro corte consecutivo do BCE, que tem focado cada vez mais em estimular o crédito para impulsionar o consumo.
  • Dados econômicos recentes, piores do que o esperado, alimentaram especulações de que o BCE poderia adotar um corte mais expressivo.
Fachada do Banco Central Europeu (BCE).

Fachada do Banco Central Europeu (BCE).

Reprodução Pexels.

Enfrentando uma economia enfraquecida, turbulências políticas na zona do euro e a perspectiva de novas tensões comerciais com os Estados Unidos, o Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar, nesta quinta-feira, mais um corte nas taxas de juros.

Este será o terceiro corte consecutivo do BCE, que tem focado cada vez mais em estimular o crédito para impulsionar o consumo e os investimentos nos 20 países que utilizam o euro como moeda.

Após um período de alta agressiva nas taxas de juros, iniciado em meados de 2022 para conter o aumento descontrolado dos preços de energia e alimentos, os formuladores de política monetária agora concentram esforços em cortes, à medida que a inflação recua e a economia da zona do euro enfraquece.

Dados econômicos recentes, piores do que o esperado, alimentaram especulações de que o BCE poderia adotar um corte mais expressivo, de meio ponto percentual, algo inédito nesta fase de flexibilização monetária.

Inflação ainda preocupa

Apesar disso, a pressão inflacionária segue como uma preocupação. Em novembro, o índice voltou a ultrapassar a meta de 2% do banco central, o que leva analistas a acreditarem que o BCE manterá um ritmo mais cauteloso, com um corte de 0,25 ponto percentual.

Carsten Brzeski, economista do ING, afirmou que um corte de 0,25 ponto seria uma abordagem “típica” do BCE, representando um “compromisso europeu clássico” entre os que defendem a manutenção de políticas monetárias rígidas e os que desejam maior rapidez nos cortes.

Embora um corte mais agressivo pudesse enviar “um sinal forte de que o BCE está seriamente tentando se antecipar”, Brzeski acredita que o banco central evitará ir longe demais.

Se confirmado, este será o quarto corte do BCE desde junho, reduzindo a taxa básica de depósitos para 3%.

Incertezas econômicas

Antes do anúncio do BCE, o banco central suíço surpreendeu os mercados ao reduzir sua taxa de juros em 0,5 ponto percentual. O corte, que levou a principal taxa do Banco Nacional Suíço para 0,5%, reflete a “incerteza” sobre as perspectivas econômicas em meio às turbulências políticas nos Estados Unidos e na Europa.

Autoridades do BCE também expressaram preocupações com o enfraquecimento do crescimento na zona do euro, sinalizando uma mudança no foco, que antes era quase exclusivamente voltado para a redução da inflação.

Após atingir um pico de 10,6% no final de 2022, devido à invasão da Ucrânia pela Rússia e aos problemas nas cadeias de suprimentos pós-pandemia, a inflação na zona do euro caiu abaixo da meta de 2% em setembro. No entanto, voltou a subir nos meses seguintes, alcançando 2,3% em novembro.

Espera-se que as previsões econômicas atualizadas, a serem divulgadas junto com a decisão sobre as taxas, reflitam um cenário mais pessimista, com revisões para baixo nas estimativas de crescimento e inflação.

Ventos políticos contrários

Os desafios políticos complicam ainda mais o cenário para os formuladores de políticas do BCE.

A Alemanha, maior economia da zona do euro, enfrentará eleições antecipadas em fevereiro, sete meses antes do previsto, após o colapso da coalizão do chanceler Olaf Scholz no mês passado. Mesmo antes dessa instabilidade, o país já lidava com uma desaceleração na indústria manufatureira e taxas de crescimento anêmicas que prejudicam toda a região.

Na França, a segunda maior economia da zona do euro, a situação também é delicada. O governo de Michel Barnier foi derrubado na semana passada em uma histórica votação de desconfiança, aprofundando a crise política e financeira do país.

Tensão com os EUA

Como se não bastasse, a possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos adiciona mais incerteza. Ele já ameaçou impor tarifas pesadas sobre todas as importações, incluindo as da União Europeia, que mantém um significativo superávit comercial com os EUA.

“Os riscos negativos claramente aumentaram”, alertou Brzeski, destacando os potenciais impactos adversos das políticas econômicas dos EUA nos próximos meses, além da instabilidade política nas duas maiores economias da zona do euro.

A decisão do BCE ocorre uma semana antes da próxima reunião do Federal Reserve dos EUA, marcada para os dias 17 e 18 de dezembro, em que o mercado aposta em mais um corte nos custos de financiamento.

Embora o corte das taxas na zona do euro seja praticamente certo, investidores estarão atentos ao comunicado do BCE e à coletiva de imprensa da presidente Christine Lagarde, buscando pistas sobre o ritmo de flexibilização daqui para frente.

Holger Schmieding, economista-chefe do banco Berenberg, acredita que o BCE dificilmente fornecerá orientações claras sobre os próximos passos, mas prevê uma postura “dovish”, com indicações de novos cortes nos próximos meses.

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