O governo da Noruega enfrenta uma pressão crescente para permitir que o fundo soberano do país, avaliado em US$ 1,8 trilhão, invista em determinadas empresas de defesa. Partidos de oposição classificam a proibição vigente como “ilógica” diante do atual cenário de segurança.
O Fundo Global de Pensão do Governo da Noruega, o maior fundo soberano do mundo, está impedido de adquirir participações em empresas que produzem componentes críticos para armas nucleares desde o início dos anos 2000.
De acordo com diretrizes éticas, o fundo também está proibido de investir em empresas envolvidas na produção de munição cluster, minas terrestres antipessoais e tabaco, entre outros setores.
O Partido Conservador, de centro-direita, defende que o governo revogue a proibição de investir em certas empresas de defesa, citando a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia e o “significativo rearmamento” de países como a China nos últimos anos.
“Atualmente, enfrentamos a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial. Há uma necessidade urgente de aumentar os investimentos na indústria de defesa ocidental para garantir nossa própria segurança e a de nossos aliados”, disse Tina Bru, vice-líder do Partido Conservador, à CNBC por e-mail.
Na visão dela, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, deveria buscar a alteração do arcabouço ético do fundo soberano para garantir que empresas consideradas vitais para a segurança do Ocidente não sejam excluídas.
Um porta-voz do Ministério das Finanças da Noruega se recusou a comentar ao ser contatado pela CNBC, afirmando que o governo responderia primeiro a uma pergunta semelhante feita pelo parlamento norueguês.
O fundo já excluiu anteriormente a empresa britânica de defesa BAE Systems devido à produção de componentes-chave para armas nucleares, assim como a empresa americana Lockheed Martin Corp, por causa da fabricação de munição cluster.
“Em todo o Ocidente, armas críticas estão sendo adquiridas de empresas que atualmente estão excluídas dos investimentos do Fundo do Petróleo. É ilógico que o Fundo de Pensão da Noruega seja proibido de investir nas mesmas empresas das quais o governo compra por meio do orçamento estatal”, afirmou Bru.
O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, deve governar sozinho até as próximas eleições parlamentares, em setembro. A coalizão governista do país entrou em colapso no início do ano devido a conflitos internos sobre diretrizes energéticas da União Europeia.
Membro fundador da OTAN, a Noruega não faz parte da UE, mas colabora de perto com o bloco como integrante do Espaço Econômico Europeu.
Alta nas ações do setor de defesa
O debate sobre como o fundo soberano da Noruega deve responder ao novo cenário de segurança surge em um momento de aumento dos gastos com defesa e crescimento expressivo dos lucros do setor, à medida que os governos reagem aos riscos geopolíticos elevados.
As ações do setor de defesa têm sido tradicionalmente excluídas de carteiras baseadas em critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), devido a preocupações éticas sobre a associação do setor com conflitos armados.
Nos últimos meses, no entanto, gestores de fundos ESG parecem estar cada vez mais confortáveis em manter participações em empresas de defesa.
Um porta-voz do Norges Bank Investment Management, responsável pela gestão do fundo soberano, se recusou a comentar quando questionado sobre os pedidos de revisão das diretrizes éticas do fundo.
Um dos maiores investidores do mundo, o fundo soberano da Noruega foi criado na década de 1990 para investir os excedentes da receita do setor de petróleo e gás do país. Até o momento, o fundo já investiu em mais de 8.650 empresas em mais de 60 países ao redor do mundo.
Hans Andreas Limi, parlamentar do Partido do Progresso, de direita, recentemente apresentou um projeto de lei para remover a proibição de investimentos do fundo em armas nucleares, segundo o Financial Times. Ele teria descrito a proibição como “hipócrita”.
Ida Kassa Johannesen, chefe de ESG comercial no Saxo Bank, afirmou que o Ministério das Finanças da Noruega não deve ser influenciado por pressão política para revogar a proibição do fundo a armas nucleares.
“Em última instância, é o Ministério das Finanças da Noruega que supervisiona o trabalho do Norges Bank Investment Management (responsável pela gestão do fundo) e tem deveres fiduciários para decidir os próximos passos”, disse Johannesen à CNBC por e-mail.
“As ações do ministério não devem ser influenciadas pela opinião pública, mas sim pelos melhores interesses dos beneficiários do fundo (a Noruega e suas gerações atuais e futuras) e pelas leis e regulações que regem seu mandato”, acrescentou.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
