Ações de montadoras disparam após China sinalizar retomada parcial das exportações de chips da Nexperia

As ações das principais montadoras europeias subiram nesta segunda-feira (3) com o alívio das preocupações sobre o fornecimento de semicondutores, depois que a China anunciou que considera liberar parcialmente as exportações de chips da Nexperia, bloqueadas desde setembro.

O Ministério do Comércio da China afirmou no sábado (1º) que poderá autorizar exceções nas exportações da Nexperia, fabricante de semicondutores baseada na Holanda e controlada pela chinesa Wingtech Technology. O movimento sinaliza uma possível trégua no impasse diplomático entre Pequim e Haia, que vinha pressionando as cadeias globais de produção automotiva.

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Em setembro, o governo holandês havia assumido o controle da Nexperia, alegando a necessidade de proteger “capacidades tecnológicas essenciais à segurança econômica da Europa”. A medida foi tomada após alertas de segurança dos Estados Unidos e resultou em uma retaliação da China, que proibiu temporariamente a saída de chips do país.

O bloqueio acendeu o alerta em todo o setor automotivo. Fabricantes da Europa e da Ásia temiam paralisações de linhas de montagem diante da falta de componentes, com a Honda sendo a primeira a reduzir a produção na semana passada.

Com o anúncio chinês, as bolsas europeias reagiram rapidamente. Renault, Mercedes-Benz Group e Stellantis subiam cerca de 3% nas primeiras horas do pregão. Volkswagen, Porsche e BMW registravam ganhos acima de 1,3%, enquanto os fornecedores de autopeças Valeo e Aumovio avançavam 3% e 1,6%, respectivamente.

Para os analistas do Barclays, o avanço das negociações entre os governos da China e da Holanda é um sinal positivo para o setor. “Embora o caso Nexperia ainda não esteja totalmente resolvido, acreditamos que o risco de impacto imediato na produção foi contornado”, escreveu Dan Levy, analista sênior do banco, em nota a clientes.

A Nexperia é considerada estratégica por produzir chips de uso automotivo e eletrônico de alto volume, essenciais para sistemas de segurança, controle de motores e baterias. Fabricantes alemãs como Volkswagen, BMW e Mercedes são particularmente dependentes de fornecedores locais como a empresa, que mantém parte significativa de sua manufatura na China.

Mesmo com a cautela de que as negociações continuam, o sinal de reaproximação diplomática entre China e Europa trouxe um alívio imediato para o setor automotivo, que enfrenta há anos gargalos na oferta de semicondutores.

Allan Ravagnani

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